sábado, 18 de janeiro de 2014

Contos Paulistanos - Vagante da trilha

Ele foi caminhando por uma estrada, cheia de pedras e capins rasteiros. A lua iluminava seu caminho, mas ele não se sentia seguro.
Estava tarde e o local por onde passava era sombrio aquela hora da noite.

Por todos os lados sons de sapos coaxando, e o clima se tornava cada vez mais frio. A estrada foi ficando ingrime e a medida que se afastava dos postes de eletricidade seu coração começava a aumentar a frequência, e assim adentrou a escuridão da trilha.

Ele sentia que algo o vigiava, a medida que a paranoia aumenta, suava frio, e aumentava a passada das pernas.
Qualquer barulho era motivo para puxar sua atenção.
 Uma vez ou outra um sapo aparecia pela estrada e ele se sentia aliviado por não ser alguém se esgueirando pelo mato.
O medo foi tomando conta de seu ser e ali era o ultimo local da face da terra onde queria estar. Mas estava ali cara a cara com seus temores.
A lua  foi coberta por uma nuvem, e ele não conseguia ver um palmo a sua frente, o que restava era apenas andar de cabeça baixa procurando pela trilha para não se perder. O celular ajudava a iluminar o caminho, mas resolveu guardar bateria para caso precisasse em outros pontos mais escuros.

Cravado três da manhã ele continuava em sua caminhada, metade do caminho já havia sido percorrido, mas ainda não se sentia seguro, talvez só se sentisse seguro dentro de sua casa e embaixo de seus cobertores.
Quanto mais andava, mais desejava estar em casa, e o caminho parecia se estender a medida que andava.

Fora checar as horas, e o relógio tinha travado as três e um. E assim seu coração gelou, já fazia mais de minutos que havia visto as horas e seu celular era de um modelo que raramente apresentava algum problema, vendo que agora perdera a noção do tempo e que ainda estava longe de casa, retomou sua caminhada aflito.

Tentou ligar para um amigo, mas não havia sinal naquele lugar. Ele sentia uma atmosfera fria lhe cobrindo o corpo inteiro, só restava o escuro e ele.
Quando olhava para trás e via alguma arvore, pensava ter alguém ali a espreita, quando voltava a olhar a frente se assustava com qualquer coisa que não estivesse em sua percepção, e fazia isto mais vezes do que imaginava.

Já estava ficando torturante para ele continuar a ir por ali, ficava se martirizando por não ter pego o outro caminho, esperava algo de ruim mais a frente. Sentia como se estivesse indo em direção ao perigo eminente, mas não tinha ideia do que poderia ser.

O céu se abriu e a lua voltou a brilhar, com ela veio as sombras das poucas arvores da trilha, ele se encolhia dentro de seu suéter e continuava a andar naquele breu.

Mas algo estava estranho, já fazia horas que ele estava a andar, e mesmo assim nunca chegava em seu destino. Ele percebeu isso tarde demais.
No exato momento em que ele percebera que estava a andar em círculos, um rapaz surgiu em seu caminho.
Um rapaz aparentemente triste, com expressões de como se estivesse prestes a chorar, vestido uma camiseta branca e um jeans e descalço. Ficou ali, imóvel. Com seu olhar triste para o rapaz que vinha.

Não conseguia respirar, seu coração queria sair pela boca, e teria saído se o pudesse.
Seu medo o deixou paralisado, não tinha o que fazer, não sabia quem era o rapaz, mas sentia um frio no ar que o não deixava se mexer.

O rapaz foi chegando mais perto, e o medo foi aumentando, seus batimentos estavam no limite.
Cada passo do rapaz era uma eternidade até ele, sentia como se o tempo estivesse parado.
O que vou fazer pensou consigo, como vou me defender, o que ele quer de mim.
A mais ou menos cinco passos do rapaz, ele conseguiu se mover e correu todo o caminho que havia percorrido.

Estava ofegante, estava assustado e mesmo que não soubesse, estava pálido de medo, ao chegar na rua por onde entrara na trilha sentou-se e vomitou, seu coração estava exausto pela descarga de adrenalina, e ele só queria ir para casa.
O caminho por onde voltou a seguir foi mais longo, mas para ele aparentava ser mais seguro, pois havia os postes de luz, e algumas pessoas a transitar na rua e pacientemente foi andando devagar e com cautela pelas ruas até chegar em casa. Quando chegou, não teve vontade nem ao menos de jantar, apenas estava extasiado por tamanho susto que levara.

Ficou refletindo, o que aquele rapaz de camiseta branca teria feito com ele se não tivesse corrido, o que teria acontecido.

Lembrando desses fatos, procurou o celular e nele marcavam ainda três e um.
Sentiu um mal estar e se revirou na cama, mas não conseguia dormir.
Foi até a sala de sua casa e ali ficou a observar o celular, e foi procurar ver as horas, para concertar aquilo, pois ainda estava acesa a lembrança do que acontecera.

Quando foi olhar as horas no relógio que ficava na estante, marcava três e um.
Ele começou a achar tudo aquilo estranho demais, e correu para seu quarto e trancou a porta.
Se sentou na cama e começou a lembrar do rosto do rapaz que ele havia visto, não conseguia tirar aquela imagem da cabeça, aquele rosto triste fixo a o encarar, depois a se aproximar dele.


Um calafrio percorreu seu corpo e ele se deitou e ficou ali imóvel, perplexo.



Os pelos de seu corpo se eriçaram, ele suou frio e ali estava no teto de seu quarto,o garoto da camiseta branca.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

INSONIA

Um sonho bom, é aquele que te faz feliz, que te traz harmonia ao acordar.
Um sonho ruim faz a gente acordar todo suado, nervoso e aflito pela manhã
Tem noites que tudo passa em branco, apenas se deita, mas não se descansa.
Tem sonhos que a gente sonha e lembra, fica o dia todo vivendo aquela lembrança.
A aqueles que a gente sonha e acorda, e num cochilo ele acolhe-se novamente na mente.
Uns fazem barulhos, são palpáveis aos sentidos.
Outros apenas filmes sem áudio, legenda ou titulo.

Algumas vezes vivemos uma vida inteira em uma noite, nos perdemos em nossas criações confusas. A preocupação de acordar é tamanha que as vezes se esquece de sonhar.
Uma noite ou outra é assim que eles vem e vão, tão misteriosos e corpulentos. Que as vezes da vontade de viver ali dentro, pelo resto da vida em uma noite inteira de sonhos.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Friendship


Animal

Acordar e tomar um café,
Levantar da mesa, ir a varanda olhar o céu,
Renovar meus votos de fé,
Diante de mim, as nuvens formam um véu,
Que irradia a alegria de estar ali, vivo a contemplar,
A grande festa que ele faz todos os dias,
Grande e imenso a raiar,
Rei da vida e das alegrias.

Esse é meu deus, essa é minha vida,
Respirar, caminhar e tocar tudo que vejo.
Boas pessoas sempre são bem vindas,
Não me importo em dividir meu queijo,
Mas tem que entender,
Que sou vívido e aventureiro,
E parar os assuntos render,
Tudo que me disser tem que ser verdadeiro,

Bocejo nas conversas tediosas sem medo algum,
Não nego cara feia ao meu desagrado,
Vivo a espera do sono, para acordar no dejejum,
O mal humor me pega quando o queijo esta salgado,

Talvez devesse ser mais normal,
Segurar esses impulsos de loucura,
Mas eu normal, seria como um animal,
Selvagem que anda pela savana a procura,
Não de presas, nem de alimentos,
Mas de uma toca que prenda,
Por vários motivos, esses instintos.
Ainda que não entenda,
São os normais, que me assustam
Os que esquecem seus deuses pessoais,
Os que desistem para apreciar os que lutam
Os que renegam seus instintos animais.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Subitamente

Subitamente se jogou naquele mar chamado vida.
Com um escudo e uma espada, travar batalhas todos os dias.
Correr atrás dos seus sonhos, até chegar no fim da estrada.
Anseio é a chave do futuro.
Mas sem devido manuseio é totalmente devastador.

Devido a vida corriqueira a gente esquece dos focos.
Esquece dos planos passados, dos planos infantis que hoje teriam se concretizado.
Talvez a resposta estivesse na minha inocência de ver o mundo.
Mas ser inocente é pedir para ser engolido nas ruas igual a um velho moribundo.

Vacilar não é opção, ter que vencer é a meta até o fim dos dias.
Um caminho árduo a percorrer.
Cheio de espinhos e outras rotas, todas facies, mas nada comparadas ao desejo promissor.

Procurar um lugar para ser feliz, junto com quem sempre do meu lado caminhou.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Grão de Areia

Busco tantas palavras para descrever o que sinto, mas nenhuma delas se encaixa na situação. Talvez eu devesse ser uma pessoa menos complicada, pensar demais me obriga a ser assim.
Quando me deito, me perco em criações e planos, que a vida vai esfregando na minha cara que não passam, apenas de imaginação. Quando levanto é a realidade a me esbofetar, mais um dia da vida medíocre que ninguém pode mudar. Além de mim mesmo.

Qual a finalidade de estar aqui vivo, pensando, nesse mundo tão grande, que comparado ao universo não chega a ser um grão de areia. Viverei tão pouco tempo, e mesmo se vivesse milênios não entenderia a essência da vida.

Fugir é para os fracos, ter que encarar de frente é somente para quem consegue encarar seus demônios, todos os dias em frente ao espelho.
Eu já fugi, já lutei, já venci e perdi. A realidade ingrata que é só me obriga a sonhar e a imaginar como poderia ter sido. Mas nunca é do jeito que a gente quer.

Esse grão de areia em que vivo, me faz andar em círculos, para um dia cavar um buraco e me enfiar lá. Morrer sem entender o motivo de ter nascido e crescido.
Se faltam palavras, me sobram ideias do que pode ser isso aqui, mas no fim da tarde minhas ideias esfriam. E novamente estou aqui no grão de areia andando em círculos.