quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Estrela

Queria ter nascido uma estrela, uma bela e brilhante estrela.
Brilhar lá no cosmo pelo infinito e assistir de camarote como os humanos bobos que só sabem gritar, se afastam uns dos outros com muros e caixas barulhentas.
Eu assumiria meu papel de iluminar o caminho dos sonhadores, dos que buscam a resposta do infinito, e talvez nem se eu fosse uma estrela essa resposta poderia dar.
Brilharia de domingo a domingo, do lado de minhas irmãs, dançando eternamente nos seios do universo, me apaixonaria por outras estrelas, e quem sabe não por umas ou outras apreciadoras do meu brilho.
A se o céu pudesse alcançar,
A se o véu do infinito me abraçasse com sua beleza eterna
Enquanto meu peito for só amor quem sabe um dia quando morrer comece a brilhar.

domingo, 24 de novembro de 2013

Insuficiente

Foi lá pelas quatro que o relógio badalou, já estava tarde e uma cerveja era a companhia do solitário rapaz. Uma varanda com uma bela vista da chuva de novembro caindo, pegou sua rede, armou em cada canto da parede, levou consigo travesseiros, e cobertores. Logo mais teria companhia.
Ficou ali, sentando ansioso pela companhia a chegar, mas logo pegou no sono.
Quando acordou, lá estava, uma boca salgada e gelada encostando em seus lábios, que de susto apenas responderam ao estimulo.
Foi tão rápido, que simplesmente sua boca secou, e logo de noite sua garota se foi, levando consigo uma parte do rapaz.
Foi rápido e momentâneo, mas ele queria mais, ele queria que ela dormisse em seus braços, e se perdesse em suas cobertas quentes.
Ao dar o ultimo gole na cerveja, ainda estava ali, sozinho e perdido com seus devaneios tardios.
Reclamou consigo, que falta de sorte, a garota deixou sua boca com sede, foi buscar outra cerveja, mas era insuficiente para tapar a lacuna do sabor exótico que ficou ali marcado nele.
O sabor do pecado da luxuria.

Contos Paulistanos - A fonte da juventude 1

Antes de tudo quero citar que tudo que vemos é superficial, tudo ao nosso redor são cascas, cascas de frutas maduras esperando uma mordida de olhar.
Digo, alguém aqui já imaginou o que aconteceu antes de você pisar por ali, as pessoas que estiveram ali e as marcas que elas deixaram para nós, aqui do presente, sempre lembrarmos do passado.
Cabe a nós encontrar essas marcas ou apenas ignora-las.


Portugal - Lisboa 1533

Joaquin Alcantara  morava em Portugal, na cidade de Lisboa, com seus pais e sua irmã mais nova, na época da monarquia portuguesa.
Sua família era de casta alta entre os nobres, e Joaquin um garoto franzino de cabelos negros e olhos castanhos e grandes, sempre fora curioso, vivia a dentro da igreja a conversar com os sacerdotes e padres.

Ao completar seu décimo sexto aniversario foi até a igreja comer um bolo com os padres, logo a pós cortar o bolo, havia um dentre os padres que o encarava com um sorriso quase forçado, pensara Joaquin.
Aquele era o Irmão Edgar, um rapaz nos seus 21 anos, com cabelos negros que batiam em seus ombros, seus olhos eram muito intimidadores, de um verde claro que ressaltava com sua pele serena e sua boca maliciosa. Ele tinha sido transferido do vaticano, para estudar na Catedral de Lisboa, e ficaria um bom tempo, Joaquin gostava de observa-lo e ficava questionando como um rapaz podia ser tão belo.

Aos seus 16 anos suas poucas companhias eram todas da igreja, e uma hora e outra sempre ia atrás da receita do Irmão Edgar, a receita de como ficar belo para sempre. Ele admirava como o tempo não parecia afetar os traços de Edgar.
E com o passar do tempo, começou a vigiar o irmão, sua curiosidade era imensa demais. Seria alguma planta, ou ele tomava mais banhos do que era necessário para manter uma aparência tão impecável pensou Joaquin consigo.

Uma certa noite, Joaquin desceu ao templo para fazer suas preces diárias e lá não tinha mais ninguém da igreja. Ao terminar suas preces viu irmão Edgar passar, mas aparentava estar tão preocupado que nem se quer notou a precisa do mesmo ali.
Joaquin não pensou duas vezes e começou a segui-lo por um corredor, o irmão parecia apreçar o passo silenciosamente, como se estive atrasado para algo, ou apressado em chegar a algum lugar que necessitasse de urgência.

Nesse dia chovia muito e os corredores do templo eram grandes e largos, com pilastras apoiando o imenso céu renascentista cravado no teto e nas janelas, refletindo todas aquelas esculturas religiosas e velas acesas.
Parecia que ele não devia estar ali, ela sentia um vento gelado atrás de si, que parecia dizer para não ir, mas mesmo assim foi.

Logo se esgueirando por entre as pilastras e corredores que cercavam aquele corredor central, chegou ao pé de uma descida de escadas negras, todas encapadas com tapetes pretos e entalhes em latim que Joaquin parou por segundos para tentar decifrar e logo depois lembrou do real motivo de estar ali.
Queria saber o porque da pressa de Edgar, talvez ele descobrisse algo que realmente pudesse deixa-lo tão belo e selvagem quanto Edgar.

Nunca tinha chegado a um ponto tão abaixo do templo, notara ao descer as escadas que havia outro salão a se passar, mas nunca tinha visto aquele lugar na igreja. Jamais esperava encontrar uma sala cheia de itens velhos e dos mais diversos possíveis. A mente de Joaquin não conseguiu captar todos os objetos na sala, sua atenção se perdeu em uma arca dourada pousada sobre uma mesa.
A poeira não negava que alguém havia mexido ali e algo lhe dizia que o que ele procurava estava dentro da arca.
Ao se aproximar da arca, Edgar o ataca furiosamente pelas costas. Joaquin se quer teve tempo de defesa, apenas caiu apagado.
 Estava morto, Edgar não teve uma gota se quer de piedade, o tempo que passou junto com Joaquin na Igreja parecia não ter existido, ele apenas bateu para matar e proteger sua arca e logo em seguida saiu a cavalo para chegar a uma caravela que logo atracaria em um vasto pedaço de terras desconhecidas, Edgar notou que tinha ares iguais aos espanhóis, mas a água e a terra eram tão ricas que parecia uma primavera eterna, seria um local perfeito para se guardar um segredo não acha ?


terça-feira, 19 de novembro de 2013

Clichê


Contos Paulistanos - A mordida

Atrás da minha casa sempre tiveram colinas, cheias de arvores, clareiras, bosques, e assim se estendia para trás. Desde pequeno nunca tivera coragem de ir lá, e sempre tive essa curiosidade de como aquele lugar era. Até ontem.
Eram duas da manhã e estava ouvido rock como de costume dessas madrugadas rotineiras, e fui a varanda fumar a cigarro. Não sei o que vi, mas minha curiosidade me puxou para dentro daquele lugar, talvez tenha sido um flash de memorias perdidas, algum interesse, alguma coisa parece ter me levado até ali.
Chegando a fronteira que acaba no fim de uma íngreme subida, Estava ali parado olhando lá para dentro, procurando a razão de estar me sentindo vazio, como se algo tivesse ficado para trás. me forçando a si perguntar o porque de estar ali, aquela hora.
Uma mão apenas me puxou lá para dentro.
Ofeguei e tentei me soltar, escapei dali, correndo, de medo o mais rápido que podia, meu coração parecia uma bomba que a qualquer momento iria explodir junto com meus pulmões que mesmo de atleta ainda era fumante.
A cada esquina que se passava o alivio parecia não chegar, o ar foi ficando pesado, não conseguia achar que escaparia dessa com vida, corri o máximo que pude, até chegar a uma quadra de minha casa.
Vi o bar aberto, entrei ali mesmo e comecei a contar a um chegado que mora lá a uns tempos dos fatos ocorridos , - nada bom
,ele disse.
Antes de apagar ainda consigo ver o jeito com que seus braços se estrandiam e me puxavam com uma expressão de fúria.                                                                                                                                      
Ficou tudo tão confuso na minha mente, vinham pensamentos fragmentados dos segundos de sanidade, e nem se quer se lembrava como chegara a tal ponto e nem como se iniciara. Só sentia meu corpo flutuar, querendo acordar, mas não conseguia.


Estava começando a entrar em panico, podia sentir todo meu corpo, mas não podia move-lo, sentia minha língua mas não conseguia falar, e meus olhos, braços e pernas não se moviam.
Acho que de tanto insistir em me mover acabei acordando, só conseguia enxergar arames, a cadeira em que estava amarrado, e sangue, muito sangue.
Não era meu sangue, mas aquela quantidade espalhada pelo chão de cor escura, tinha cheiro de morte, temi por minha vida, mesmo não sendo meu sangue.

Gritei com toda força por socorro, e logo me acostumei com a escuridão e percebi que estava no meio dos bosques, enfiado naquela floresta que da varanda de casa me parecia apenas uma paisagem a apreciar.
Em passos largos, veio um rapaz aparentando ter a mesma idade que a minha, usava um nike, e sua aparência de cansaço denunciava as curvas de um rapaz.
No momento em que consegui enxergar seu rosto, pois o mesmo estava me encarando com uma cara de tédio incrível.
Fui pego de surpresa por aquela atitude, apenas levantei e tentei correr, mas escorrei em todo aquele sangue no chão e fiquei ali paralisado de medo.
Ele apenas se aproximou de mim, e disse no meu ouvido. Que bagunça você fez por ai, evite sair em noites de lua cheia para que não te encontre novamente.

Não entendi ao certo o que ele quis dizer com aquilo, mas quando me peguei pensando no que tinha acontecido, bloqueava mentalmente dizendo a si mesmo que era um sonho. Mas fica difícil de dormir, com uma marca de mordida no ombro.


Cama

O dia foi cansativo, só decepções, queria voltar e encontrar minha cama, mas ao deitar ela parecia dura, feita de pedra, um mármore gelado que impedia meu corpo de se aquecer.
Me revirava de um lado para o outro, tentando ganhar o conforto físico, porque o cansaço mental já me esgotara desde cedo.
Dormir e sonhar é tudo que um pouco de stress não espera, e como todas as noites não consegui dormir.
Acho que talvez ainda tenha um pouco do cheiro do meu amor no meu cobertor, mas não consigo me abraçar com essas lembranças, nem rolar no mar da saudade. Tudo menos isso.
Chega dessas segundas que a gente fala, é hoje que eu mudo, é hoje que vai acontecer diferente, mas parece que  essas segundas de promessas falsas são mais comuns na vida que o tédio.
Só queria minha cama quente de volta, com toda a maciez dos sonhos que perco com noites em claro.
Noites vazias, que me rendem olheiras e bisbilhotadas no passado, um tanto quanto inúteis e tediosas, mas tão comuns.
Já não sei o que fazer para deitar e dormir, talvez a companhia que me fazia você, fosse o sonho que eu vivia acordado e agora não durmo mais a te procurar.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Libra

Nossa ilha, um ponto no mar, dois pássaros despidos, azuis…
Nós imperfeitos, soltos, calcados e nus num ponto amarelo ouro. Eu posso te ver, meu bem, eu posso ver as nossas mãos mergulhadas no mar, eu te encontrei perdido em mim, eu me guardei na tua pele salgada. Eu quero ficar aqui, nossa ilha que é o nosso abrigo que a brisa encobre feito cobertor. Um abraço quente, solar. Na pepita mais valiosa do universo somos deuses semi-nus, sem sombras, somos luz, cabisbaixos e encobertos pelo orvalho salgado. Nos afagamos, nos cuidamos, tateamos nossos poros ensandecidos e descontínuos em ebulição. No ápice do medo o aconchego, no contratempo do ritmo desconexo a melodia perfeita do blues surrado de James Brown. Flui a inocência. Ah, as mãos… desenham na paredes as asas do gavião-rei que desponta no infinito nos indicando a direção. Na coluna cervical maleável e afã, a tatuagem da partitura da nossa canção, me tira pra dançar sobre as ondas do mar azul meu bem? somos ar… um desatino, somos loucos desvairados. Na velocidade da luz alcançamos as beiradas do abismo, os cantos e entremeios de nossas carnes vadias e entregues ao nossos sonhos intergaláticos. Somos meteoritos azuis endiabrados, nos desatamos sem nós, nossos mares se engolem, o céu se abarrota de estrelas e de uma em uma vamos contando felicidades no relógio universal

domingo, 10 de novembro de 2013

Cantiga temporal

Séculos passados um senhor caminhava por uma rodovia, sempre na labuta diária do interior. Em sua casa tinha apenas um telescópio que herdara do pai, vários quartos vazios, e um retrato feito a mão por ele. A anos trabalhava e lutava diariamente com apenas um objetivo. 

Quando mais moço se encantou por uma moça linda de cabelos cacheados e vermelhos como o sol de outono, paixão a primeira vista por aquele fogo vermelho balançando ao vento. Ignorante no saber acadêmico, e considerado pela sociedade como inexistente por não ter documentos até os quinze, apenas sabia contar e escrever, mesmo não conhecendo todas as letras e números. Aprende- a pintar com um vizinho e foi assim que em um quadro na velha casa de seu primo, imortalizara seu amor platônico, por ela que nem se quer o tinha visto direito. 

No outro dia foi atras da moça ingenuamente levando seu quadro e sentimentos a revelar. Não a encontrou, nem a sua casa, nem alguém que a conhecesse. Anos se passaram com o retrato na parede e sua admiração e amor por aquilo que o quadro representava.

Jurou encontra-la, trabalhar e dar para ela um lar digno de sua beleza. Voltemos aos dias atuais, todos os dias ele se levanta e se lembra de uma história que aprende-ra como vizinho, que estrelas cadentes realizavam desejos. Antes tivera o telescópio do pai, mas não tinha interesse por aquela coisa velha. Mas ele engoliu seu ego e durante 40 anos de sua vida sempre olhava para o céu procurando estrelas cadentes, sempre o mesmo pedido, o mesmo retrato, o mesmo amor. Mas não se prenda a beleza do amor ou a tristeza da melancolia, mas sim ao tempo que ele perdeu a amar o amor e esqueceu de amar a si próprio,poder amar é uma dadiva, mas não entender o amor para o tempo é só uma questão de divida.

sábado, 9 de novembro de 2013

Empatia

A formula da alegria é deixar a tristeza de lado. Viver por viver e não somente esperar sentado que ela passe, ela nunca vai embora.

Ser melancólico até certo ponto, ter um limite para tristeza, não se deixar dominar por ela completamente.
Agora entendo aquele ditado popular, 'matar um leão todo dia'.

Relacionava a o estresse diário de um serviço remunerado.
 Mas não, a guerra acontece com todas as pessoas, todos os dias, todos os instantes, ter que vencer, seus medos, seu ego, seus defeitos. A todo instante com alguém apontando suas falhas, mas esquecendo das propiás.
Falta um pouco de empatia por parte de todos, poucos são os que sabem ser alegres. Digo de alegria, viver bem, de poder expressar sorrisos sinceros, de dar vontade de dançar e cantar uma música.
Chega de tanta tristeza, vamos correr para nossa alegria, e se afastar dessas tristeza que não leva a lugar algum.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

primavera

Meu colchão arrogante que é sente saudade, na calada da noite faz a sua forma do meu lado fingindo me abraçar.Assustado várias noites acordei e lá estava só o seu lado, vazio e meu colchão velho a sua espera.

Logo cedo à manhã cinza, sussurra segredos em meus ouvidos, dizia lá vem o perfume dela.

 Sempre a procura, por todos os lados vinha seu perfume e ali não estava.Uma hora ou outra me pego rindo de uma piada solitária, que só a solidão pode pregar.Às vezes sei que só pode ser brincadeira, mas é cruel se sentir abraçado pela saudade em cada vazio que me pega.Voltaria a se sentir bem quando o por do sol fosse o por do sol e não o seu sorriso em minha mente.

 Quando tudo era só meu, sem lacunas, perfeito e quente.Ver você por ai torna tudo tão frio, sempre quando me acho bem, lá me vem você no meio da multidão me olhando.Seja lá o que tenha sido, tentei abraçar, sozinho, na minha mente.

 E apenas fingi que não vi, mas apenas cai egoistamente nas peças da minha agonia.Quero voltar a ser clandestino na vida, andar por ai e vadiar só por vadiar, viver cada momento consigo e apenas gostar de viver aquilo.  

Até porque não sei, mas a solidão não me cai bem, digo de sorrisos de verdade, e risadas de felicidade. Coisas que tem sido raras eram pequenas e singelas. 
Perderam-se.

Mas agora abri meus olhos, e se antes deixei tudo ir embora, colocarei os pés no chão e alcançarei tudo que perdi, viver minha felicidade.

Escolhas

Pelo caminho existem diversas estradas que me levam a tantos lugares, lugares que não necessitam da minha presença e que nunca jamais saberão da minha existência, mas que não deixam de se jogar em frente ao meu caminho.
O que faço é desviar, as vezes pego atalhos, as vezes voltou para a estrada principal, mas sempre haverá esses lugares que nunca conhecerei, essas escolhas que nunca poderei viver.
É uma questão de curiosidade, independente do que seja, do que aconteça é uma escolha, algo a ser vivido, mas que se afoga e se perde quando não nos envolvemos por elas.
Cabe a mim filtrar e desviar disto, mas as vezes elas parecem se envolver com outras passadas, escolhas antigas que afetam as atuais.

Uma estrada chamada vida, que tem por sinônimo problema, e significado a verdade interior. Buscar conhecer a si mesmo para depois conhecer a vida por inteira. Mas qual será a consequência dessa escolha ?
De fato existem mais coisas entre o céu e a terra que possa imaginar, mas se me perco em escolhas, como vou conseguir criar um caminho por esse mundo confuso. Talvez eu esteja escolhendo deixa-lo confuso e difícil, e talvez tenha esquecido de como faço para mudar isso.
 Ou simplesmente minhas escolhas são um plano pequeno perto de algo maior que o universo.
 A dadiva da duvida.