Atrás da minha casa sempre tiveram colinas, cheias de arvores, clareiras, bosques, e assim se estendia para trás. Desde pequeno nunca tivera coragem de ir lá, e sempre tive essa curiosidade de como aquele lugar era. Até ontem.
Eram duas da manhã e estava ouvido rock como de costume dessas madrugadas rotineiras, e fui a varanda fumar a cigarro. Não sei o que vi, mas minha curiosidade me puxou para dentro daquele lugar, talvez tenha sido um flash de memorias perdidas, algum interesse, alguma coisa parece ter me levado até ali.
Chegando a fronteira que acaba no fim de uma íngreme subida, Estava ali parado olhando lá para dentro, procurando a razão de estar me sentindo vazio, como se algo tivesse ficado para trás. me forçando a si perguntar o porque de estar ali, aquela hora.
Uma mão apenas me puxou lá para dentro.
Ofeguei e tentei me soltar, escapei dali, correndo, de medo o mais rápido que podia, meu coração parecia uma bomba que a qualquer momento iria explodir junto com meus pulmões que mesmo de atleta ainda era fumante.
A cada esquina que se passava o alivio parecia não chegar, o ar foi ficando pesado, não conseguia achar que escaparia dessa com vida, corri o máximo que pude, até chegar a uma quadra de minha casa.
Vi o bar aberto, entrei ali mesmo e comecei a contar a um chegado que mora lá a uns tempos dos fatos ocorridos , - nada bom
,ele disse.
Antes de apagar ainda consigo ver o jeito com que seus braços se estrandiam e me puxavam com uma expressão de fúria.
Ficou tudo tão confuso na minha mente, vinham pensamentos fragmentados dos segundos de sanidade, e nem se quer se lembrava como chegara a tal ponto e nem como se iniciara. Só sentia meu corpo flutuar, querendo acordar, mas não conseguia.
Estava começando a entrar em panico, podia sentir todo meu corpo, mas não podia move-lo, sentia minha língua mas não conseguia falar, e meus olhos, braços e pernas não se moviam.
Acho que de tanto insistir em me mover acabei acordando, só conseguia enxergar arames, a cadeira em que estava amarrado, e sangue, muito sangue.
Não era meu sangue, mas aquela quantidade espalhada pelo chão de cor escura, tinha cheiro de morte, temi por minha vida, mesmo não sendo meu sangue.
Gritei com toda força por socorro, e logo me acostumei com a escuridão e percebi que estava no meio dos bosques, enfiado naquela floresta que da varanda de casa me parecia apenas uma paisagem a apreciar.
Em passos largos, veio um rapaz aparentando ter a mesma idade que a minha, usava um nike, e sua aparência de cansaço denunciava as curvas de um rapaz.
No momento em que consegui enxergar seu rosto, pois o mesmo estava me encarando com uma cara de tédio incrível.
Fui pego de surpresa por aquela atitude, apenas levantei e tentei correr, mas escorrei em todo aquele sangue no chão e fiquei ali paralisado de medo.
Ele apenas se aproximou de mim, e disse no meu ouvido. Que bagunça você fez por ai, evite sair em noites de lua cheia para que não te encontre novamente.
Não entendi ao certo o que ele quis dizer com aquilo, mas quando me peguei pensando no que tinha acontecido, bloqueava mentalmente dizendo a si mesmo que era um sonho. Mas fica difícil de dormir, com uma marca de mordida no ombro.